Sítio Ágatha – Agroecologia Ancestral
Chegamos na sexta feira, 29.06, sendo a primeira parada de nossa viajem.
Ao entrar no território você passa por uma porteira que dá abertura para o sítio.
Nesse caminho você vai encontrar cercas de Espadas de Ogum, e em seguida, à alguns metros da casa, você é obrigado/a a passar por 3 Pés de Dendê (que nasceram sem luiza ter plantado), um à direita e dois à esquerda. Só então é que chegas à casa de Luiza, Nzinga e Ágatha e de seus ancestrais africanos.
Nos deparamos com um território agroecológico muito bem cuidado, harmonizado e com uma grande diversidade de plantas, de arvores, flores, e animais.
Colhemos milho crioulo na parcela onde fica o SAF do sítio. Com o milho colhido preparamos uma cangica e uma farofa de milho, ambas deliciosas. Luiza nos conscientiza de que todo o processo é um ritual e deve ser feito com prazer.
Não foi moleza ralar o milho e o coco, penera-los e cozinha-los sem perder o ritmo, pois se mexe a panela por 2 horas continuas.
Porém sabemos que difícil mesmo é conseguir produzir uma plantação de milho crioulo de forma agroecológica com mão de obra reduzida e poucos recursos.
A magia não ficou só nas colheitas e descobertas de plantas e alimentos como foi o caso da Caramoela (uma espécie de batata, mas que dá como fruto), mas o lúdico também se fez presente quando penduramos o tecido acrobático e Ágatha logo nos mostrou a flexibilidade liberdade e criatividade que toda criança carrega dentro de si.
Dentro dessa vivencia de tecido com Agathinha não foi surpresa que Luiza e Nzinga se também intrigaram e integraram.
Tivemos tempo para mexer um pouco em Margarita e ajustar suas válvulas, reduzir o vazamento do tanque de água, construir nosso toldo, e circular de bike pela primera vez pelo assentamento para buscar materiais necessários.
Saimos do Sítio carregando conosco muitas sementes: os saberes e os afetos. Mas também as que luiza nos presenteou, colocando em nossas mãos um compromisso que fora reforçado por Ágatha em forma de promessa: compartilhar e coletar sementes em cada lugar que passarmos.
Deixamos no Ágatha nossas maiores alegrias, esperanças e afeto. Deixamos também quadros de serigrafia após já ter feito uma oficina de tela serigráfica com Luiza, e o tecido acrobático.
Embora faça um tempo que conhecemos Luiza Cavalcante e saibamos de suas histórias e lutas, pela primeira vez registramos sua voz (O material gravado estará disponível aqui no Blog em breve).
A conversa transitou pela identidade do Sítio Agatha, a luta do complexo prado, ser mulher negra e agricultora e por aí vai…Foram nove anos de luta árdua e apaixonante pela terra, e são 13 anos de assentada. E que segundo luiza, foram os melhores momentos da sua vida.
Como Nzinga nos disse logo antes de seguirmos viajem, “Não é um adeus. É um até logo”
Vamos levar o Sítio Agatha conosco durante nosso caminho, e nos reencontraremos em muitos lugares, de diferentes formas e formatos.
Axé.
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