Verde vida na Catingueira
Ao chegar na Ponta da Serra fomos recebides por Lidiany e dona Raimunda, irmã e mãe de nossa amiga Claudinha. Ponta da Serra é um pequeno povoado, na beira da BR 122, a uns 15 km do Crato. Junto a Lidiany, coordenadora pedagógica da instiuição, conhecemos a sede da ONG Verde Vida e a padaria Verde Vida Pão.
Para Margarita ficar mais segura, deixamos a nossa kombi na casa de Rosa e Mano, a uns três quarterões da casa de Dona Raimunda.
Acordamos com a rádio FM Padre Cícero e o cheiro de café quentinho. Descobrimos uma nova delícia que Dona Raimunda gosta de saborear: tapioca com amendoim.
O nosso primeiro dia na catingueira foi de deslumbramento, com o lugar e com as crianças.
O Verde Vida recebe todos os dias 70 crianças na sede rural, onde elas recebem oficinas de circo, reisado, artesanato, música, capoeira, dentre outras. No segundo dia, foram selecionadas 15 crianças para participar da oficina de serigrafia, enquanto as demais permaneceram em suas atividades habituais.
Após a apresentação de cada um/a dos/as participantes, iniciamos o processo de criação da matriz, e em seguida as crianças falaram um pouco pra gente sobre o que mais gostavam de fazer no Verde Vida, o que seria ilustrado e gravado na tela serigráfica.
O desenho de uma gangorra surgiu como a materialização do brincar. A bola e o goleiro como representação da maioria da turma que vive na quadra de futebol toda vez que o intervalo chega. A rede rasgada do gol foi o toque especial da realidade que os meninos quiseram colocar.
Finalizamos o primeiro momento da oficina contornando com cola.
Ficamos satisfeitos em ver que a mulecada havia gostado. Uma das crianças, Clara, não se cansava de mostrar a tela para as colegas e contava passo a passo como tinha feito tudo.
Pela tarde não houve descanso, fomos convidados pela professora Lucineide para dar uma oficina de serigrafia na escola municipal João Grande, que fica na zona rural de Ponta da Serra. Pegamos uma carona com Genivan (integrante da Verde Vida e companheiro de Lucineide) até a escola.
Como só tinhamos uma tarde, decidimos fazer a oficina com a técnica de molde vazado. Juntos grampeamos a matriz e depois dividimos em 4 grupos de 3, e cada grupo construiu um desenho com a temática ‘Meio Ambiente’ proposta pela professora. Os desenhos foram recortados e os moldes que saíam do vazado eram utilizados para a matriz na hora da impressão. Imprimimos em TNT o desenho de um grupo por vez, já que a técnica usada com papel cartolina é descartável e se pode reutilizar a mesma matriz usando a mesma técnica. No final, tinhamos um grande mural cheio de árvores, rios, pássaros e flores, feitos em serigrafia.
Voltando à Catingueira, foi dia de imprimir a matriz. Quando perguntamos quem havia levado camisa, pouquíssimas pessoas se manifestaram. Após a primeira impressão, a mágica da serigrafia tomou conta da sala: várias camisas para serem impressas começaram a brotar das muitas mãos dos pequenos. Até a criançada que não havia participado do primeiro momento se colocaram a frente da tela e do rodo e estamparam suas camisas.
Comemoramos o sucesso da oficina com uma foto do grupão e uma boa pelada de futebol, onde Gus se destacou como o “zagueirão irmão de Messi”.
Almoçamos com as crianças e fomos embora da sede rural na camionheta D20, que todo dia faz o trajeto “Ponta da serra – Catingueira”, levando as crianças e parte do pessoal que trabalha na ONG.
Fomos na casa de Rosa e Mano para pegar Margarita, e de passo, ganhamos uma bermuda para Gus e uma blusa e uma calça para Magú. Pegamos nossas coisas na casa de Dona Raimunda, dimos um forte abraço e cheiro, e junto com Genivan fomos para o posto de gasolina, onde carregamos o tanque como aporte da ONG. Tivemos até tempo para conhecer um casal que estava viajando em uma camionheta, e ia a ficar uns dias pelo Cariri.
Ao ir embora da Ponta da Serra, nos levamos conosco a experiencia do projeto Verde Vida: arte e educação mudam a vida das pessoas, em especial das crianças!