De águas abertas – Paulo Afonso
Chegamos a Paulo Afonso para conhecer a cidade e vender nossas produções, pensando em ficar apenas três dias. Mal sabíamos nós que estavamos prestes a conhecer professora Val e que isso mudaria nossos planos…
A Prainha nos recebeu tão abertamente pela figura de Marcos (mais chamado de Neguinho do Lava Jato); assim que nos viu saindo da kombi com um botijão de água vazio, nos chamou e disse que tinha água pra encher nosso galão todo. Nos confiando as chaves do Lava Jato para banheiro e banho, e reforçando que qualquer coisa que precisasse ele tava ali, pois sabia como é viver na estrada, nos sentimos confortável de dormir nesse lugar que ele dizia ser seguro. Daí por diante desses sete dias, dormimos sempre alí.
Em nosso segundo dia em Paulo Afonso, descemos do bagageiro nossas amadas Tereza e Isabel (as bicicletas) e fomos ao centro da cidade para repor materiais serigráficos e de costura.
Foi andando pela frente da Casa da Cultura que escutamos alguém de dentro falar em ‘artesãos’, e decididamente timidos entramos no evento de premiação aos artesãos da cidade e as iniciativas para o artesanato na educação, e foi alí mesmo que conhecemos a professora Valderice, emocionada ao ser homenageada pela aluna.
Val é educadora da Escola Municipal de Arte Educação da João Bosco, e numa curta conversa já fomos cativadas/os mutuamente. Fomos convidados a realizar uma oficina de serigrafia na escola municipal. No mesmo dia, pela tarde, fomos conhecer a escola e sua gestão.
No fim do dia, depois de procurar os materiais de serigrafia e não achar a moldura de madeira em lugar nenhum, fomos a segunda opção: comprar a madeira e fazer nosso próprio quadro.
Quinta feira já estávamos com a mão na massa.
Com apenas duas horas para realizar a oficina, escolhimos a técnica de serigrafia com estencil. Além da professora Val e seus alunos, tinha outra professora e mais três alunos de outra escola. A arte escolhida pela turma foi sobre o dia dos pais. Ao final da aula, as camisas já estavam impressas e a nossa missão de dar oficina numa escola também.
O resto dos dias em Paulo Afonso nos dedicamos a produzir mais bolsas, estampar camisas, fazer colares e pulseiras em crochet, e vender. Como era dia dos pais, deixamos a prainha para poder oferecer nossos artesanatos às famílias baianas que visitavam o Parque Belvedere, belo espaço verde banhado pelas águas do São Francisco. Nesse lugar, também conhecimos Chucky e Bruno, dois palhaços que ao ver Margarita estacionada não duvidaram em parar a moto e descer dela para conversar conosco. Chucky deu um grande abraço em Margarita e nos parabenizou por ter subido um patamar na vida alternativa: “viajar de kombi”.
Nosso muito obrigado para as pessoas que fizeram nossa estadia muito mais fácil e feliz: professora Val, Neguinho e Chucky.
Assim foram nossos dias nessa cidade baiana que nos recebeu de águas abertas e com muitas surpresas e gratos encontros.
Até uma próxima vista Paulo Afonso!